A transição energética está em curso em diversos setores da economia, impulsionada por avanços tecnológicos, novas regulamentações e transformações nas cadeias de valor. O movimento deixou de ser um diferencial competitivo para se tornar parte do processo natural de evolução das empresas — sobretudo daquelas que dependem de energia para manter sua operação eficiente, escalável e alinhada às exigências de mercado.
Para as organizações que ainda não iniciaram ou estão nas primeiras fasesdesse processo, o desafio não é apenas tecnológico ou financeiro. Trata-se de compreender o papel da energia dentro do seu modelo de negócio, reavaliar estratégias e construir um caminho que una eficiência, resiliência e responsabilidade socioambiental. E como todo caminho, ele começa com boas decisões.
Neste artigo, reunimos os principais pontos de atenção para empresas que desejam estruturar sua transição energética de forma sólida. A proposta é oferecer uma visão prática, respeitando a complexidade que esse tipo de transformação exige — e valorizando os impactos que ela pode gerar quando bem executada.
O primeiro passo em qualquer processo de transição energética é desenvolver um entendimento claro sobre como a energia se relaciona com a operação da empresa — e isso vai muito além de conhecer o valor da conta de luz. É necessário compreender o papel da energia na composição de custos, sua influência na produtividade, nos riscos operacionais e na tomada de decisões de médio e longo prazo.
Em operações industriais, por exemplo, o consumo energético pode representar uma parcela relevante do custo direto do produto, o que afeta margens e competitividade. Já em setores com processos contínuos — como alimentos e bebidas, química, papel e celulose ou mineração — a estabilidade do fornecimento é tão crítica quanto o preço, pois interrupções e afundamentos podem gerar perdas operacionais, riscos à segurança e impactos em cadeia.
Esse diagnóstico energético é a base sobre a qual todas as próximas decisões serão construídas. Ele permite sair de percepções intuitivas e partir para uma abordagem baseada em dados, capaz de orientar prioridades e construir um plano consistente de ação.
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Com o diagnóstico energético em mãos, é importante dar um passo além: analisar a composição da matriz energética atual da empresa. Quais são as fontes utilizadas? Qual o grau de dependência da rede elétrica? Existem fontes térmicas, como geradores a diesel ou gás? Há uso de energia incentivada? Qual a flexibilidade ou rigidez dessa matriz frente às variações de carga, custo e confiabilidade?
Entender a matriz energética atual permite avaliar com mais clareza quais caminhos estão abertos — e quais exigirão ajustes mais estruturais. Empresas altamente dependentes da rede de distribuição, por exemplo, podem enfrentar desafios com oscilações, bandeiras tarifárias e previsibilidade orçamentária. O mercado livre de energia representou um avanço significativo nesse contexto, ao permitir a contratação direta de energia de fontes renováveis, com maior estabilidade de preços e ganho ambiental.
Além disso, mesmo empresas que já migraram para o mercado livre ainda encontram novas oportunidades de redução de custos e avanço estratégico por meio da autogeração — seja com usinas solares, cogeração ou soluções híbridas. Esses modelos ampliam a previsibilidade e agregam valor à operação ao permitir controle real sobre a matriz energética utilizada. A aquisição de energia com selo I-REC (InternationalRenewable Energy Certificate) também é uma ferramenta eficaz para atestar a origem renovável da energia e fortalecer o compromisso ESG da empresa, mesmo quando a geração ocorre remotamente.
Por fim, outro caminho relevante é a substituição dos modelos tradicionais de backup — como o diesel — por alternativas mais limpas, silenciosas e eficientes, como o biometano, o gás natural e os sistemas de armazenamento de energia (BESS). Essas soluções elevam o nível de resiliência energética, reduzem a emissão de poluentes e diminuem o custo total de operação ao longo do tempo, posicionando a empresa em um estágio mais avançado da transição energética.
Toda transição energética bem-sucedida começa com uma pergunta essencial: o que exatamente a empresa espera alcançar com esse movimento? A resposta pode variar — e, muitas vezes, envolve múltiplos objetivos simultâneos. O que não pode acontecer é iniciar um projeto sem uma definição clara de direção.
Os objetivos mais comuns costumam incluir: redução de custos operacionais; mitigação de riscos de abastecimento; atendimento a metas de descarbonização dos diversos escopos; fortalecimento da imagem institucional; acesso a linhas de financiamento verde ou incentivos, entre outros.
O importante é entender qual deles tem mais peso estratégico naquele momento, para que o projeto seja construído com coerência e entregue valor real desde o início. A longo prazo, a maioria das empresas visa zerar suas emissões de gases do efeito estufa, no entanto esse processo costuma ser uma jornada de diversas etapas.
Com os objetivos definidos e a matriz energética analisada, o próximo passo é entender como estruturar a transição do ponto de vista financeiro e contratual. Diferentes empresas terão diferentes possibilidades, dependendo da sua capacidade de investimento, apetite a risco, maturidade técnica e horizonte de planejamento.
Entre os modelos disponíveis, destacam-se: investimento direto (CAPEX), financiamento via terceiros, contratos de performance (ESCOs), PPA (Power Purchase Agreement) e leasing ou locação de ativos. A escolha do modelo ideal depende de múltiplos fatores: regime tributário, estrutura jurídica, capacidade de investimento, payback exigido e até o ritmo com que se pretende executar a transição.
Um dos principais erros que empresas cometem ao pensar em transição energética é tratá-la como um projeto pontual. Na prática, ela se comporta mais como uma jornada evolutiva, que exige alinhamento com o planejamento estratégico, capacidade de adaptação e, principalmente, continuidade.
Mais do que definir ‘qual tecnologia implantar’, a transição energética exige a construção de uma visão energética de longo prazo, que responda a perguntas como: onde a empresa quer estar, em termos energéticos, daqui a 5 ou 10 anos? Qual grau de independência energética ela pretende alcançar? Que papel a matriz energética terá no posicionamento ESG da organização?
A transição energética raramente acontece de uma vez.Em geral, ela se constrói por etapas, como uma escalada. A imagem da escalada de uma montanha representa muito bem essa jornada e ajuda a visualizar os marcos que definem o grau de maturidade energética de uma empresa.
Cada passo dessa escalada exige decisões, investimentos e preparação diferentes. Mas todos seguem uma determinada lógica evolutiva. Naturalmente, a realidade de cada empresa demanda seu próprio caminho e o que estamos ilustrando aqui é um dos caminhos possíveis e viáveis para determinados casos.
Para ilustrar esse processo, acompanhe a jornada da empresa fictícia Indústria Solfer, uma fabricante do setor de alimentos que, como muitas empresas brasileiras, começou com um modelo tradicional e foi amadurecendo sua estratégia energética ao longo dos anos.Vamos supor que ela seja uma consumidora do Grupo A (média e alta tensão).
🟥 Fase 1 – Base da Montanha
Até 2020, a Solfer operava exclusivamente com energia proveniente do mercado cativo, 100% fornecida pela concessionária local e sem qualquer sistema de backup. Oscilações e quedas de energia constantes e aumentos inesperados impactavam diretamente seus custos operacionais. A energia era tratada como um custo inevitável, fora do radar estratégico da gestão.
🟥 Fase 2 – Reação Inicial e Primeiros Passos
Em 2021, após prejuízos frequentes no fornecimento e uma sequência de ultrapassagem de demandas e variações de bandeiras tarifárias, a empresa instalou um gerador a diesel como forma emergencial de garantir energia ininterrupta. Em seguida, migrou para o mercado livre de energia, buscando preços mais competitivos e previsibilidade de tarifas.
🟧 Fase 3 – Planejamento e Autonomia Parcial
Em 2022, com apoio técnico especializado, a Solfer iniciou um plano mais estruturado. Implantou uma usina solar fotovoltaica em sua unidade principal e substituiu o gerador a diesel por um sistema movido a gás natural, reduzindo custos e emissões. Passou a controlar melhor seus custos e a operar com menor impacto ambiental.
🟨 Fase 4 – Soluções mais limpas e integradas
Em 2023, a empresa substituiu o gás natural porbiometano, aproveitando o consumo de gás para fornos e calderaria. Isso fortaleceu sua estratégia de descarbonização com insumos ainda mais sustentáveis. Iniciou também o projeto de uma planta híbrida, integrando energia solar e térmica com lógica de operação conjunta, otimizando o uso de recursos.
🟦 Fase 5 – Inteligência Energética e Microgrid
Atualmente, em 2025, a Solfer está implementando um sistema de armazenamento inteligente de energia (BESS), com gestão automatizada de cargas e uso de microgrid para controle ativo da operação. A empresa já trabalha com critérios técnicos de despachabilidade, qualidade de energia e eficiência, utilizando automação para definir em tempo real os recursos energéticos mais vantajosos conforme a necessidade de carga da produção.
🟩 Fase 6 – Visão de longo prazo: Net Zero
Hoje, mais de 80% da energia utilizada é renovável. Parte é gerada localmente, parte adquirida no mercado livre com selo I-REC. O plano estratégico é atingir 100% de autonomia energética e zerar as emissões operacionais até 2028 — com energia limpa, confiável e sob gestão própria.
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Essa escalada não precisa acontecer de forma repentina. Mas ela precisa começar com visão, técnica e uma estrutura pensada para cada etapa. Não se trata apenas de instalar equipamentos ou trocar fornecedores. É uma mudança de postura frente à energia: de inércia para o pioneirismo e protagonismo.
A Gerastar atua como guia técnico e estratégico nessa jornada. Do diagnóstico à operação, do primeiro backup à independência total, nossa missão é construir com você o caminho mais sólido entre o ponto em que sua empresa está hoje e o futuro energético que ela pode alcançar.
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